O FARDO DA GERAÇÃO Y.


Há quem diga que o assunto abordado neste texto é mera demonstração de futilidade por parte de uma jovem carioca. Aquela que nunca passou fome, ou mesmo nunca morou na rua. Ela comeu, bebeu, vestiu e estudou do mais caro e melhor (de acordo com as possibilidades) que seus pais poderiam oferecer. Nunca soube quais eram as reais dificuldades da vida da Classe C.


Mas tem algo que vocês, pais, mais velhos, responsáveis em geral, Geração X ou como lhes couber o chamamento, não sabem! A Geração Y, que costumo denominar Geração Ninho, está mais perdida do que cego em tiroteio! Fato! Vocês acreditam mesmo no mito de que somos tão indecisos? Que pulamos de um emprego a outro sem estabilidade, simplesmente porque somos incapazes do trabalho em equipe? Parabéns, você está errado!


Características da Geração Y





Aos 20 e poucos anos, vocês (nossos possíveis responsáveis) se encontravam em quais instâncias da vida? Provavelmente empregados, ganhando mais de 1.000 reais, alguns casados e outros já com a sua prole, não é mesmo? A Geração Z, que costumo chamar de Geração Goiabada, surgiu no boom pós Segunda Guerra Mundial. As barreiras sociais e empregatícias para mulheres ainda eram um grande fardo. Para os homens, a necessidade de prover a família inteira, ainda era uma obrigação absoluta. Mas foi esta geração, a responsável pela nossas ambições financeira e amorosas. As mulheres foram as primeiras a não se conformar somente com a vida doméstica. Os homens, os primeiros a enfrentarem a homofobia com a batalha pelos direitos LGBT. 


O Que é a Geração X?


Vamos embarcar nesse universo colorido daqueles que têm menos de 40 anos. Eu, Juliana, vou lhes contar um pouco sobre as particularidades dos nascidos na década de 1990. Somos doutrinados a chegar à faculdade desde que nos entendemos por seres pensantes. Todos afirmam que o dinheiro estará lá esperando por nós, ao lado do belo certificado de conclusão de curso. Quando chegamos lá, o que se descobre é assustador. Encaramos faculdades públicas precárias, faculdades privadas extremamente abusivas e um sistema de ensino integralmente desconforme com o Ensino Médio brasileiro.



A corrupção, inevitavelmente, tornou o crescimento populacional inversamente proporcional ao crescimento econômico, ou seja, a população cresce, mas a economia continua EXATAMENTE A MESMA. Para o jovem carioca, é necessário esperar alguém morrer, se aposentar ou se promover para, tão assiduamente competir com outras dezenas de jovens na mesma situação de desemprego. Nessa concorrência desleal, também competem os demitidos após anos de dedicação à uma empresa. Pessoas munidas de currículos excepcionais e cheios de experiência. Graças à tão brilhantemente reforma trabalhista, agora terceirizam o funcionário dispensado para o pagarem somente as horas trabalhadas, sem a necessidade de assisti-lo com seus antigos direitos.


Para as mulheres, AINDA existe (com menos expressão) a necessidade de ser mãe antes dos 35 anos. Ter uma casa própria, morar de aluguel e trabalhar na área que seu diploma lhe permite Para os homens, AINDA existe a necessidade de ganhar tanto dinheiro quanto seu, ou sua, cônjuge. Uma fonte inesgotável de virilidade, força e sensibilidade. Tudo ao mesmo tempo. Fiquem tranquilos Geração Ninho, vocês provavelmente ainda estão desempregados, morando com seus pais e economizando os centavos para beber a tão esperada cervejinha no final de semana. Você pega seu diploma de professor, intencionalmente desvalorizado até por grandes "instituições de ensino" de nível médio, e guarda com todo o carinho de alguém que sempre acreditou no poder da educação para mudar o mundo.

Como pensam, o que querem e para onde vão as mulheres da geração Y


Agora, mencionarei a consequência mais grave desse tumulto social. A depressão. 




Altíssima competitividade em vagas vigentes, tanto privadas quanto públicas, imprevisibilidade da aposentadoria, visto que, começar já está quase impossível, cobranças dos familiares mais velhos avessos à mudança geracional temperados pelo desgaste das relações interpessoais em consequência das redes sociais. Acham mesmo que tirar a própria vida se tornará indiscutível? Segundo dados oferecidos pelo Ministério da Saúde, os índices de suicídio no Brasil aumentaram 2,3% em 1 ano. Só no Rio de Janeiro foram mais de 11 mil casos em 2018 e 2019. A maioria das vítimas, jovens entre 18 e 35 anos. Todos constituindo a famigerada Geração Y.


Suicídios aumentam 2,3% em 1 ano, e Brasil tem 1 caso a cada 46 minutos


Se esta reflexão não os tocarem como cidadãos de bem, pais preocupados com o futuro de seus filhos e responsáveis pela vida de um jovem que tenta desesperadamente a sua ascensão, então nada além da dor de seus filhos irá tocar-lhe. Dê o amor e ouça-o! Você perceberá que ele, provavelmente, lhe concederá muito mais informação do que você a tinha na mesma idade. Não se orgulhe o suficiente para não aprender com os mais novos. Você poderá salvá-los.

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